sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Doente não é o órgão, é a pessoa!


Foram os bons (?) tempos do internato em que o preceptor cobrava nos “rounds” a evolução dos pacientes internados perguntando: “Como está a vesícula do leito 5? E o enfisema do 10?”
Sempre achei aquilo esquisito, porque não era uma vesícula sozinha deitada ali, com dor, era a d. Virgulina, e o enfisema era o Sr. Victório.
Eu pensava que a maioria dos médicos falavam assim para não se apegarem aos pacientes,uma espécie de defesa. Mas depois vi que não, era por minimalismo mesmo. Não achavam que a doença era mais do que um órgão.
Em parte eles não são culpados, pois a Medicina “moderna” é a técnica de arrancar coisas de pessoas. Se você tem um mioma, arrancamos ele. Se o mioma reaparece, arrancamos seu útero. Se sua tireóide funciona demais, arrancamos ela também, só que como ela na verdade faz falta, você terá que tomar medicação para o resto da vida, para fazer de conta pro seu corpo que sua tireóide ainda está lá. As doenças incuráveis só são assim chamadas porque não tem como arrancar o órgão doente. Por exemplo, se a pessoa é esquizofrênica ela vai ter que se tratar pro resto da vida, porque não tem como arrancar seu psiquismo (para quem crê em causas psicológicas) e nem seu cérebro (prá quem crê em causas puramente orgânicas).
A maioria dos médicos é formada achando que a doença está nos órgãos, e ironicamente não acreditam em doentes, apenas em doença. Pensando assim a saúde vai ficando cada vez mais distante. Arranca a vesícula, adoece o estômago, arranca o estômago, adoece o intestino, arranca parte do intestino, adoece o sangue, e agora, arranca o sangue?
Penso que o mistério não está nos órgãos daquela pessoa que entra na minha sala, cheia de queixas e ansiedade (“esse médico vai me curar!”), mas sim reside na própria pessoa que me procura. Quais serão suas crenças, o que será que pensa de sua “doença”? Será que essa pessoa realizou seus sonhos de adolescente? Será que canta no banheiro? Estará apaixonada? Ou  desiludida? Tem muita conta? Perdeu algum bebê? É católica? Muçulmana?
Já aconteceu com uma paciente minha, que sofria de hipocondria e depressão e sempre dizia que tinha “doença ruim”. Fazia vários exames e não davam nada. A mulher ficava brava quando dava tudo normal, porque segundo ela, sabia que “tinha câncer”. Depois de acompanhar o caso por vários anos e inúmeros exames, realmente surgiu um tumor, maligno no abdômen. Até a última vez que a vi ela ainda estava viva e bem, mas estranhamente satisfeita, porque agora “sabia o que tinha”. Ora, ela sempre soube, não porque o tumor já estivesse ali, mas porque ela “formou” seu tumor. Palavras são energia. Não se esqueça que matéria é energia e vice-versa. E fomos criados a imagem e semelhança de Deus, o Criador. Assim como Ele, criamos também, mas como somos imperfeitos, criamos mais imperfeição do que perfeição.
Vamos tentar o seguinte, criar a contra-mão da doença, a saúde.
Todos os dias, pense e fale, com vontade: A CADA DIA QUE VIVO, VOU CADA VEZ MELHOR.
Somos todos profetas de nossas existência, e co-criadores da vida.
Crie o bem, respire o bom!

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